sábado, 28 de agosto de 2010

Sonhos efêmeros


Sonhava em ser professora, quando pequena. Aquelas professoras de primário, sabe? Sonhei também em ser modelo (como se um dia houvesse essa possibilidade), e não esquecendo, já quis ser atriz. Acho que toda menina sonhou com algumas dessas coisas. Mas o tempo foi passando, fui vendo o mundo longe do senso comum infantil; conheci muito mais dele que a televisão ou a sala de aula apresentaram.
Minhas idéias foram mudando, percebi que as pessoas são um universo desconhecido, cada uma tem muitas coisas a investigar. É difícil lidar comigo mesma, não seria mais difícil conviver com várias? Tenho medo das pessoas, do que elas são capazes de fazer. Acho assustador não poder confiar em muitas delas. Irritar-me-ia com muitas delas, por atitudes desumanas. Então descartei a idéia de ser professora, seriam muitos a tratar. Porém adoraria conhecer o cérebro humano, estudá-lo, não há nada mais genial que nossa mente...
Comecei a achar um absurdo usar o corpo como meio de trabalho. Seria o corpo um simples exibicionismo? A vida dessas pessoas é à base de saladas, dietas e malhação? Cadê o essencial? Muitos dos modelos sabem falar mais de um idioma, mas não sabem falar de verdade, não sabem conversar algo diferente de homens, roupas, acessórios ou sapatos. Quanta futilidade. Estultas (um mero eufemismo)! É, acho que ser modelo não é a melhor opção.
Não sei fingir alegria, sou tão transparente. Queria conseguir disfarçar alguns sentimentos, mas deixo tão na cara... Meus olhos não mentem, eles dizem exatamente o que eu sinto. Não finjo amar, não sei sorrir quando quero chorar, não sei chorar sem me emocionar. Não serviria para viver num teatro, a base de “fingimentos”, não sei demonstrar outra coisa se não o que eu sinto, não consigo, simplesmente não consigo... Desisti, atriz também não dá!
Desisti de alguns sonhos, fiz outros, que já desisti também. Quem sabe ainda esteja em metamorfose.
De repente me vi apaixonada por quebrar a cabeça, ficar resolvendo problemas quase impossíveis de física. E descobri como esse mundo é fantástico. Os números não mentem, eles são eles e deu, são únicos e objetivos. Uma equação não é cheia de “porém”, não tem frescura, letras pra um lado, números pro outro. É tão simples que me encanta. As leis da física são aplicadas ao mundo, não o contrário. Creio que é esse o meu mundo. Os números não machucam, não me irrito com eles. Eles não enrolam e nem exigem um corpo perfeito. Exige apenas o pensamento, uma mente capaz de ver além de obras prontas, enxerga seus alicerces.

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